
_A INSPIRAÇÃO
Lisbela, jovem sonhadora, inteligente, prendada e noiva.
Noiva até o dia em que Leléu chegou em Pernambuco. Ele é malandro, aventureiro, nômade e mulherengo. E, ainda, está fugindo de um matador de aluguel contratado devido a seu envolvimento com outra mulher casada.
O pai de Lisbela, chefe da polícia local, do qual ela é financeiramente dependente, não apoia o romance entre a jovem e Leléu, mas mesmo assim o casal vive um romance.
"AMOR DE CINEMA"
Essa é a trama de “Lisbela e o Prisioneiro”, de 2003, dirigido por Guel Arraes e produzido por Paula Lavigne, que recebeu dois prêmios no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, em 2004.
Além de outras 11 indicações, inclusive de melhor filme, melhor ator, melhor atriz coadjuvante e melhor roteiro adaptado. O longa, entretanto, foi inspirado no livro de mesmo nome, lançado em 1964, por Osmar Lins.
"EU ME LEMBRO TAMBÉM DO IMENSO ALCANCE QUE ESSE FILME TEVE. ATÉ HOJE ME CHAMAM PELO NOME DA PERSONAGEM."
_DÉBORA FALABELLA, ATRIZ QUE DÁ VIDA À LISBELA, EM ENTREVISTA PARA A REVISTA MARIE CLAIRE EM 2020.
Pôster do filme "Lisbela e o Prisioneiro". Estrelado por Débora Falabella e Selton Mello.
Imagem: Reprodução.

_A MOTIVAÇÃO



Cenas do filme "Lisbela e o Prisioneiro".
Imagem: Reprodução.
Lisbela, assim como grande parte das personagens femininas do cinema brasileiro, tem seu arco narrativo aprisionado por estereótipos de gênero e sua trama pautada pelo envolvimento com os homens da história.
Por isso, o Teste de Lisbela surge como crítica à sub-representação da figura feminina no cinema brasileiro. Foi desenvolvido como um estudo acadêmico para o trabalho de conclusão do curso (TCC) de jornalismo da ESPM-Rio pelas estudantes Ana Júlia Oliveira e Mariana Colpas entre os anos de 2022 e 2023.
Foram assistidos 52 filmes com mais de 2 milhões de espectadores nos cinemas entre os anos de 2000 até 2020. Já que, devido à pandemia de 2020, as salas de cinema foram fechadas devido ao lockdown.
Ao longo dos anos, a tentativa de qualificar a representação da mulher em produções culturais já se fez presente. Um exemplo é o Bechdel Test, estudo pensado pela cartunista Alison Bechdel que avaliava a participação de personagens femininas nas histórias.
Além disso, desenvolvidos a partir deste, o Furiosa Test, o Sexy Lamp Test, o Mako Mori Test e o New Bechdel Test também apresentam critérios que não foram englobados pelo Bechdel Test.
Nesse caso, o Teste de Lisbela foi criado pensando nas mulheres brasileiras e nas sazonalidades que as atingem. Assim, seu principal propósito é julgar a representação da mulher brasileira no cinema e fomentar o debate sobre o assunto no país baseado em quatro critérios desenvolvidos durante as pesquisas para o TCC.
_OS CRITÉRIOS
Para que uma produção receba o selo de aprovação do Teste de Lisbela, deve ser aprovada em todos os seguintes parâmetros:

_CURIOSIDADE
Lisbela, apesar de ser protagonista em no filme, não passa no Teste de Lisbela.
Na verdade, reprova em 3 dos 4 critérios. O nome do teste foi escolhido antes da análise de todos os filmes e, justamente, pela ironia de Lisbela não ser dona de sua própria história mesmo com seu nome em destaque no título.
Vale lembrar, que essa depende de três personagens masculinos, seu pai, seu marido e Leléu. Dos quais, depende financeiramente, socialmente e emocionalmente.
Também vale ressaltar que a protagonista é católica, branca, magra e se envolve em dois relacionamentos heterossexuais durante a trama.
Além disso, a protagonista pode ser facilmente encaixada em três estereótipos: A Mulher Sexy e Ingênua, A Bela, Recatada e do Lar e A Feminista.
Isso significa que a sua representação é limitada por premissas de gênero. Ela é descrita como prendada, “de família”, casada, de boa moral e dedicada.
Sua história é guiada pela sua lamentação sobre seu atual relacionamento e a dependência do homem-herói para ser feliz e alcançar seu sonho.
Quer saber mais sobre os estereótipos de gênero?